terça-feira, 11 de abril de 2023

Quarta-feira de cinzas: uma análise decolonial da expressão artística musical no Carnaval.

                                                          Marcela Ribeiro do Vale


Carnaval é uma das maiores festividades do calendário brasileiro. Mas, não é uma comemoração feita só de alegria. Como festa popular que é, reflete toda a desigualdade social, econômica e cultural da formação de nosso povo. Neste texto falarei dessa desigualdade apenas sobre um aspecto: cultural.

O mito da democracia racial faz com que muitas pessoas alimentem a ideia pueril de que somos um país rico em diversidade social, pois nossa população é formada pela comunhão entre povos de origens diferentes e que isso agrega valor diferenciado as nossas manifestações. Esse pensamento chega ser ingênuo de tão raso. 

A verdade é que a formação do nosso povo se deu de maneira muito violenta, sangrenta e cruel. Todas as desigualdades que identificamos hoje em nossa sociedade é resultado de como se deu a nossa formação. O combustível para esse processo estrutural foi o racismo – contra negros e indígenas. Foi o racismo que tornou possível o grande projeto (econômico) colonial europeu, que dependia da inferiorização dessas outras raças para prosperar. Por isso, a Europa criou e disseminou valores sociais e culturais que discriminavam e, consequentemente, mantinham uma relação de domínio do outro utilizando duas principais estratégias: primeira, a invalidação da cultura, religião e conhecimento filosófico-científico desses povos e segunda, a desumanização desses indivíduos, apoiada numa suposta incapacidade racional. Desde o período pré-colonial, esses dois pilares, apadrinhados pela religião, os pensadores e a imprensa têm, um grande papel na disseminação dessa ideologia racista.

Mas, o que tudo isso tem a ver com o Carnaval?

A música popular brasileira é uma invenção do povo, sobretudo dos negros que foram escravizados e depois abandonados  sem qualquer amparo ou reparação. Pelo contrário, o Estado brasileiro passou a criminalizar várias práticas dos descendentes de raízes africanas ou que permitissem a sua emancipação . Proibidos de estudar, trabalhar, comprar terras para plantar e, até mesmo, de circular nas ruas sem emprego, a população negra foi cada vez mais escamoteada para as zonas periféricas e empobrecidas. Apesar de tudo isso, a população negra não sucumbiu e criou formas de se expressar e se defender das discriminações da cultura dominante, principalmente, através da música. 

Portanto, as criações artísticas dos afro-brasileiros, para muito além da beleza e genialidade, são a mais pura demonstração do desejo de resistência a esse modelo de exclusão e hierarquização. Mesmo as elites brasileiras renegando a capacidade intelectual ao povo negro e tentando subtrair a autoria de suas criações artísticas, fato é que o que há de melhor na cultura musical genuinamente brasileira é de origem negra: o samba, o chorinho, a bossa nova.

O Carnaval é a consagração apoteótica do caos – este, entendido sem julgamento de valor, como a necessária desordem que há em toda ordem. São corpos que balançam, cantam e vibram liberdade. Entretanto, como toda equação precisa ser equilibrada, noutro prato da balança estão aqueles que aprisionam a definição de expressão artística e cultural nas concepções asséticas, homogenizadoras e preconceituosas. É comum ver manifestações artísticas e culturais periféricas e negras serem atacadas e depreciadas. No Carnaval essas agressões e desprestígios são acirrados. Querem empurrar uma cultura “aceitável” ao povo que originalmente contribuiu com a formação cultural brasileira. Cabe a quem dizer o que é cultura? A definição de arte é única? 

Para os povos tradicionais africanos era de extrema importância que toda a comunidade aprendesse as histórias que revelavam os acontecimentos das vidas de seus antepassados, pois, elas se repetiam todos os dias. Partindo desse entendimento, podemos afirmar que, quem conhece o mínimo de História consegue identificar a repetição do preconceito com o pagode, o funk carioca, o rap e todas as expressões artísticas populares consideradas menos expressivas e metricamente inaceitáveis assim como foi com o samba, o chorinho e a bossa nova.

Sendo assim, essa repulsa intolerante por partes daqueles que mantém o monopólio dos privilégios numa sociedade desigual e exploratória em relação as expressões de resistência de um povo que, mesmo violentamente atacado, sobrevive e reinventa formas de vida é pura manifestação racista. Para combater a reprodução de um passado violador das epistemologias africanas, manipulador da semiótica nas estéticas negras e incentivador de teorias supremacistas é preciso uma postura decolonial  diante da história, dos saberes e dos referenciais impostos pelas perversidades formatadas pela cultura dominante (quem detém e controla os meios de produção de riqueza, os meios de formação ideológica e os meios de difusão da informação). 

A ideia de pensamento único, rígido, hegemônico é campo fértil para criar verdades absolutas, estancar aprofundamentos e negar outras realidades, criando sociedades cada vez mais universalistas, intolerantes e violentas.

Por isso, é crucial deslocar o paradigma eurocêntrico do lugar de exclusividade e superioridade nas perspectivas de pensamento, que nega (estrategicamente) legitimidade a outras abordagens, sob pena de compactuar com a perpetuação da desumanização, injustiças e inverdades, que excluem contribuições pluriversais de realidades, experiências e conhecimentos.


“A arte que aflora dos ventres colore a quebrada.

Sabedoria é preta. A magia é preta.

Que me afastam da ignorância suicida

E me aproximam de uma verdade instintiva.

Dura, mas necessária, etérea.

Estar emocionalmente viva é a prova mais escura

De que nesse sistema opressor o ancestral ainda encontra brechas.”

– trecho da composição “Fartura de Vida” Autoria de Nayra Lays –

segunda-feira, 20 de março de 2023

Eu, a tragédia e o pessimismo! O décimo círculo de Dante

 

                                            Cesar Teixeira - Pilão Arcado - Bahia


Quando o sofrimento parecia findo

Que o paraíso estivesse logo adiante

Na verdade abriu-se um novo gênesis

E o décimo círculo não sabido o porvir


Tudo que era sólido e firme outrora

Foi pulverizado e caiu por terra

Tal qual castelo de areia numa praia

Que se desmancha ao beijo do mar

 

A ilusória alegria que eu então trazia

Por ser construída sobre a frágil areia

Ruiu como castelo que sucumbe à vaga

Deixando no seu lugar amarga tristeza

 

E essa tristeza que agora não me larga

Sinto ela queimando-me por dentro

E nesse maluco paradoxo do sofrer

Sou o prisioneiro e também o cárcere

 

Eu até disfarço de algum modo ao sorrir

Mesmo em mais nada vendo graça

Simulando viver uma normalidade ficta

Via crucis que dói mais que o Calvário

 

E assim vou eu percorrendo os dias

Ocultando dores e sem ter alegria

Estampando na minha face triste

Sorrisos tímidos, frios e amargos

 

Às vezes sinto que estou no limite

Cambaleando sobre a tênue linha

Que de algum modo nos sustenta

E evita despencar para insanidade

 

Nas noites já não encontro sono

São tantas as madrugadas em claro

Aguardo o Sol surgir no horizonte

Esperando ver essas noites terminadas

 

É debalde, na há luz intensa que sirva

E sobre mim permanece grosso manto

Que de algum modo louco e estranho

Transformou meus dias em escuras noites

 

Então a confiança que outrora existia

Sob o pálio dessa infindável noite

Cede espaço para o temor e o medo

Daí percebo, é só eu e meus demônios

 

Não tem sido fácil esse meu penar

São tantos os suplícios e fantasmas

E ao invés do purgatório ao paraíso

Fui lançado para um décimo círculo

Que nem Dante conseguiu imaginar

 

Tudo de repente ficou cinza e pálido

As flores que perfumavam o jardim

Perderam o vigor, a cor e a graça

Agora tudo que existe são espinhos

 

Meu coração vive em descompasso

A cruel certeza das incertezas futuras

Aniquilam todas minhas convicções

Restando-me apenas ilusões diárias

 

Não sei quando e se terá fim a jornada

Somente demônios me acompanham

E por mais que corra, fuja, não há jeito

Eles zombam e do meu choro tripudiam

 

Apego-me a uma vaga esperança

Que num arrebol a dor então se vá

Até que esse dia chegue, o pranto,

Segue ocultado por sorrisos frágeis

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Voa saudade

 

                                            José da Franca – Pilão Arcado – BA.

Hoje a saudade tá me pegando

o meu coração amanheceu palpitando

chamando por meu amor,

hoje quero me sentir a vontade

curtir minha saudade

sem lágrimas, sem culpa e sem dor

 

Hoje vou conversar com os passarinhos,

chegar bem pertinho dos ninhos,

com eles irei desabafar,

quero ouvir um papagaio falando

ver um lindo Sabiá cantando

e depois?

Fazer a saudade voar

 

Voa saudade, voa

voa com os passarinhos

vai e me deixa sozinho

desejo um pouco pensar

se viajo amanhã bem cedinho

pra fazer o meu amor voltar.

 



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Os passos de Mário Lins de Medeiros! Um chefe que passou por aqui!

 

                                                                                            
Por Redovagno Ribeiro

Num passado recente, Pilão Arcado teve muitas personalidades políticas, escritores entre outras grandes figuras. Agora, reproduzindo  os passos de nomes da política de Pilão Arcado, o Blog Falando Pelo Tempo vai se debruçando aos poucos para registrar a nossa rica história política e tentar eternizar nomes que contribuíram para chegarmos até aqui. 

A série abre hoje com os Passos de Mário Lins, filho ilustre de Pilão Arcado que governou o município entre os anos de 1962 a 1964. Familiares em contanto com o Blog, nos contou que Mário Lins governou sob um forte regime, rígido e bem vigiado. Era quase no fim do Regime Parlamentarista e entrada do Regime Militar no Brasil.

Edinha Gonçalves, que é filha de Mário Lins, lembra de tudo como um filme real e inesquecível. Ela lembra que o Exercito Brasileiro chegou a Pilão Arcado e foi direto ao Gabinete do Então Prefeito Mário Lins de Medeiros, que sentava sobre a cadeira que ele mesmo a chamava de Januária. Tinha esse nome por ter sido fabricada na cidade de Januária.

Edinha conta emocionada que o comando fez revistas no ambiente e concluiu os trabalhos dizendo: Senhor Mário, parabéns pelo trabalho! O Senhor deveria sair da Prefeitura não a pé, mas conduzido nos braços do povo! Edinha Gonçalves registra a simplicidade de Mário e conta que era seu maior legado.

O blog Falando Pelo Tempo concluiu a entrevista e aguarda mais dados do homem que fez história ao seu modo e que repercute até hoje.

Edinha ainda encaminhou ao Blog FPT, fotos do Gabinete de Mário Lins de Medeiros ocupado por ele mesmo, e com mesas forradas com toalhas brancas e engomadas a capricho para o homem dos sonhos daquele povo trabalhar por Pilão.   


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

E se o meio de aprendizagem das crianças e jovens não mais tivessem de seguir o MEC?

Igor Lopes - Estudante de Direito - Pilão Arcado - BA.

Inicialmente, como já dizia Ludwig Von Mises, "Idéias, e apenas idéias podem iluminar a escuridão”. Ela inspira e mostra que a luz das idéias são lâmpadas que iluminam e podem alcançar consequências surpreendentes.

Caro leitor, acredito que esse tema deve ter feito você se assustar no primeiro momento, porém, depois dessa frase espero fazer você refletir e começar a ver que as idéias são o começo de tudo. 

Portanto, será que é possível existir uma educação digna sem a menor interferência do estado? 

Inicialmente, como se pode observar, os governos abrem mão de controlar infra-estrutura, saúde, segurança e até mesmo a própria moeda. Mas não abrem mão do controle educacional. Afinal, é ali que está a semente de tudo. Se toda a propaganda governamental inculcada nas salas de aula conseguir criar raízes dentro das crianças à medida que elas crescem e se tornam adultas, estas crianças não serão nenhuma ameaça ao aparato estatal.

As escolas públicas já fazem parte da nossa religião cívica. Elas são a primeira evidência que as pessoas citam para mostrar como os governos municipal, estadual e federal estão sempre nos servindo. Mas há também um elemento psicológico: a maioria das pessoas entrega a elas alegremente seus filhos, certos de que o governo sempre tem em mente o melhor para os nossos interesses.

Mas será que isso realmente ocorre? Fica aqui meu questionamento. Primeiro, como pode um governo que sempre mostra ser a vontade da população, mas quando alguns pais observam que existem outros meios para melhor aprendizagem dos seus filhos o estado interfere proibindo essa nova idéia.

Bom, olhe para a Homeschooling que é um termo em inglês que se refere ao ensino domiciliar, ou seja, à educação de crianças e jovens em casa, em vez de frequentarem escolas tradicionais. O homeschooling pode ser conduzido por pais, tutores ou outros educadores, e é legal em muitos países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e em muitos países europeus.

Existem muitas razões pelas quais os pais podem escolher o homeschooling para seus filhos, incluindo a flexibilidade do cronograma, a capacidade de personalizar o currículo para atender às necessidades e interesses do aluno, a possibilidade de proporcionar um ambiente de aprendizagem mais seguro, entre outras razões.

Feito isso, se refletirmos um pouco podemos imaginar a seguinte maneira. Para aqueles que não desejam colocar filhos na escola, sempre há a internet. Hoje, há vários programas gratuitos de aprendizagem por meio digital. 

Outro ponto, é que o mercado para a educação iria operar da mesma maneira que qualquer outro mercado. Como o de alimentos, por exemplo. Onde houver uma demanda, e obviamente as pessoas demandam educação para seus filhos, haverá uma oferta. Existem grandes redes de supermercado, e existem empórios e quitandas. Existem mercearias e existem armazéns sempre dispostos a prestar os seus serviços para toda essa rede. O mesmo ocorre com outros bens, e ocorreria o mesmo com a educação.

Assim, o consumidor é quem iria comandar. Ao fim e ao cabo, o que iria surgir não seria totalmente previsível, e o mercado nunca é, mas o que quer que acontecesse, seria de acordo com os desejos do público consumidor, e não com o status quo, “conhecido como estado”.

 

 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Piscando os olhos para a infrequência escolar!

 

Redovagno Ribeiro - Pilão Arcado - BA.


Poxa vida! Estamos diante de um dado que faz parte dos grandes debates e preocupação da comunidade nacional. Evidentemente que esse tema está tão presente em nossas vidas quanto a quantidade que nossos olhos piscam. A infrequência escolar está presente nos debates das politicas públicas e em particular no setor da educação. Bom, mas e a incômoda pergunta que você já deve está se fazendo? Como acabar com a infrequência escolar? 

Parei alguns momentos para entender a comunidade escolar, desse estudo obtive um pacote de experiências e dados que desagua na vastidão da evasão escolar e no desafio de resgatar a empolgação dos alunos e família a grudarem na sala de aula.

Nós somos o resultados de eventos não necessariamente sucessivos, mas sentidos diariamente. Alguns tornam a nossa vida sábia, outros nem tanto. Poderíamos colocar o preconceito, condições de vida, relacionamentos, família e trabalho, e até psicológicos. Esses eventos contribuem para o desapego à sala de aula, mas não são definitivos para justificar o abandono. Há quem diga ainda que, falta interesse, falta estruturas, entre outros, mas não! Nenhum desses dados são definitivos para justificar o abandono escolar.

Bom, imagine que somos seres que ainda não compreendemos o termo vida inteligente, anote que, estamos falando de seres humanos que por ser racionais teriam a obrigação de entender bem o termo vida inteligente, mas não! Há dificuldades!  E a vida inteligente se compreende escolher o que é certo. Contudo sabendo que é da escola que se trás a inteligência profissional passamos e entender que ela está em segundo plano.

Um grave problema da educação e seus atores é achar que tudo aquilo é banal. O tanto faz! Fomos surpreendidos com achar normal ir ou deixar de ir à escola. É nesse momento que a luz vermelha se ascende. A escola deve ser na programação da vida uma busca incessante, uma devoção a olhar dia-a-dia, minuto a minuto, e, focar nisso como algo da alma, do corpo e da mente. Assim como a vida, a saúde, estudar é talvez o maior bem. Mas e como entender assim? É o que passamos a ensinar.

Diversos motivos que podem levar a criança ou o adolescente a abandonarem os estudos. Alguns são a necessidade do trabalho para ajudar na renda familiar, desmotivação dos professores. Professores despreparados para enfrentar os novos desafios que os alunos apresentam no dia-a-dia de trabalho, a baixa qualidade do ensino incluindo, os problemas sociais que assolam o nosso país, a falta de comprometimento dos pais, desestruturação familiar, problemas cognitivos dos alunos, o próprio currículo escolar, a desmotivação por parte de alunos e professores e muitos outros fatores que podem influenciar a alta taxa de infrequência.

Fazer o aluno a permanecer na escola é uma luta diária: fazer uma triagem de comportamentos, identificar quais e quantos estão em defasagem de ensino, identificar quais e quantos avançaram mais na aprendizagem, identificar o gosto por determinado assunto ou atividades, identificar as tendências dos grupos, nominar salas ou corredores que agradem grupos e tenha ligação com o aluno, fidelizar a proposta pedagógica e fazer dela a bíblia das famílias, adotar troca de experiências acadêmicas como pauta diária, dividir por eixos a aplicação de normas de ensino, incentivar a entrada em cinemas e teatro em sala de aula, incentivar a participação de turmas em fóruns e debates, criação do conselho inteligente, envolver autoridades de sucesso na sala de aula e nas famílias, propor iniciativas com a Câmara Municipal, criar atividades agregadoras (...).

 Poderíamos nominar mais diretrizes e tópicos como esses, mas impossível é, somente nesse artigo. Até porque, as definições e aplicação desses, não serão aqui colocadas, porém, combater a infrequência escolar será possível ao interligar essas disciplinas uma a uma, de modo que, ao final elas se interdisciplinam e abrem caminho para um novo espaço escolar focado na vida inteligente.   

 Entender os motivos e propor soluções para o problema da infrequência, é de fundamental importância para acabar com as circunstâncias que levam um aluno a deixar tão importante lugar de produção e colocação de vida progressista,  onde, a partir de dados formulados aqui, creio que, como pesquisador do tema, a peça publicada há de ser observada como uma janela que se abre.

Assim, entendemos que a escola e seus atores, como disse, não está entre quatro paredes como tentam fazer crer algumas as pessoas. As salas são templos de discussões e orações educativas, mas não convém entender que ali é a escola. Não, não pode ser! A escola onde registra-se inclusive a infrequência escolar, deve ser levada para as ruas, para o esporte, para o debate político, para as ações sociais e envolvê-la de forma cotidiana nas atividades de uma comunidade.

Há de se entender que, o discurso educacional assim como uma bola de vôlei em movimento, deve correr para ambos os times e ser aplaudida pela plateia que ali se incluem. No campo da escola, esses torcedores são, família, alunos, pais, professores, poder público,e conforme o caso e a comunidade.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Nossa Casa


Poeta Roberto de Souza Queiroz - Pilão Arcado - BA.


Nossa casa, nossa vida!

Não sei como aconteceu

Big bang, sei lá  se foi!

Sei que a vida apareceu,

Talvez bem natural

Com o seu clima normal

Para vida que nasceu.

 

Vida linda e consistente

Enquanto se preservou

Hoje perdendo a beleza

Por conta do infrator

Vem perdendo seu encanto

Observa com espanto

Lá de cima o criador.

 

Não tem trégua! É  dia e noite.

Essas ações predadoras!

Dragões muito famintos

Com atuações  arrasadoras

O planeta se agita

Todo clima se irrita

Das situações desoladoras.

 

Há muitos animais sem teto

Por essas devastações

Muita vida sem saúde

Por conta dessas ações

São várias deficiências

Por falta de consciência

Dos causadores das agressões.

 

Já nasce a vida frustrada

Das intempéries precedentes

A natureza está chorando

Como olhos d'águas vertentes

Cavernas em erupção

O vendaval em ação

Ceifando vidas frequentes.

 

Toda a vida se agita

Os oceanos se apavoram

O vento perde o controle

E muitas vidas vão  embora

Mas o dragão não se farta

Firme como lagarta

A natureza devora.

 

Toda vida que respira

Há tendência é de acabar

A ganância faz a forca

Para o homem se enforcar

Num cenário de proeza

Acabam com a natureza

No prazer de enricar.

 

Prova o homem do veneno

Que ele mesmo semeia

Assassina a própria  vida

Como um inimigo que odeia

Destrói a vida da flora

De todo ser ignora

Desde a rosa que frondeia.

 

Quase não há mais floresta

Um risco brusco e mortal

São grandes liberações

De licença ambiental

Vem da politicagem

Pra manter sua bagagem

No congresso Nacional

 

Catástrofe ultimamente

Tem sido cotidiana

Irresponsabilidade daqueles

Sem respeito a vida humana

Da tristeza de falar

A lama à vida ceifar

Em Brumadinho e Mariana.

 

Consecutivamente poluindo

Os rios e toda natureza

A saúde de muita gente

O desabrigo e a incerteza

Morre peixe e passarinho

No desarranchar do ninho

Muito pranto e tristeza.

 

Aumenta sempre as doenças

No centro e periferia

O poder em omissão

Sem dar importância e valia

Esgoto aberto por todo lado

Zika virus e degue alastrado

Causando a microcefalia.

 

Nossa casa está ruída

Temos que reconhecer

Nossa força é a palavra

Pra lutar e acontecer

A Deus, chegue esses rogos

Antes que nos afogue

Com as geleiras a derreter.

 

Extermínio lentamente

Em nossa casa poluída

Só uma varredura completa

Na consciência da vida

-Que futuro pode se ter?

Se não vier acontecer!

Somente a triste despedida.

 

Vamos unidos lutar

Numa só voz repetida

Recuperar nosso maior bem

Das agressoes desmedidas

Lutar com todo respeito

Sem ninguém tirar proveito

Da nossa casa querida. 

Pequenita! Entenda como a baiana de Pilão Arcado virou imortal

                                       Maria do Socorro Dias Santos, imortalizada pelo Documentário São Francisco produzido pela Jornalista...